
Embora eu seja um senhor avançado em anos ( ora, um sujeito com 30 anos de idade e que não acompanha os gadgets e novidades deste mundinho moderninho e utiliza o telefone celular apenas para "falar com outra pessoa" é praticamente um idoso) não costumo ser saudosista ou rancoroso com este esperado século XXI.
Mas devo confessar que sinto falta do tempo que “gripe aviária” era conversa mais reservada aos biólogos, ornitólogos, zoólogos e amantes das aves em geral preocupados com a saúde dos emplumados e que “gripe suína” era apenas um palmeirense gripado.
Como não podemos contrariar algumas leis da natureza, a gripe suína surge como mutação genética ( ah, que saudade quando eu lia isso apenas nos quadrinhos do X-MEN) entre vírus de gripes que afetam seres humanos, suínos e aves. Ou seja, como é algo novo, as vacinas atuais podem não ter efeito sobre esta mutação. Talvez o imbatível chá de alho da vovó resolva.
Alem do bombardeio de informações, entrevistas com médicos, opiniões abalizadas e sensatas de celebridades, cuidados e recomendações referentes à gripe suína, surgem também as famosas e impagáveis teorias da conspiração. Eu já falei aqui que adoro essas teorias porque abusam da criatividade e, quem não tiver cuidado, acaba “comprando” a tese. Ou, pior, clicando naquele link que traz a notícia "atriz Salma Hayek está com a gripe suína".
As melhores até agora falam sobre ataque bioterrorista sob o comando dele, o mitológico Bin Laden. Como se não bastasse, este vírus foi criado em laboratório e foi “solto” no mundo a mando do Osama ( talvez o "pequeno acidente" ocorrido nos frascos com vírus que acabaram explodindo em um trem na Suíça tenha sido coisa da Al Qaeda). Ou teria sido pela ordem dos Illuminati? Há quem diga que a culpa foi da OMS (Organização Mundial de Saúde) em um complexo jogo de interesses envolvendo FMI e o Banco Mundial, que financiariam tratamentos e remédios para os países mais pobres atingidos pelo vírus. Tudo com “programas de ajustes fiscais” (leia-se “privatização” e fim de direitos trabalhistas) e taxas de juros camaradas, é claro, afinal o mundo está em crise e chega de perder dinheiro, não é mesmo?
Deixando as teorias conspiratórias de lado, recorro novamente ao historiador norte-americano Mike Davis, já citado outras vezes neste blog. Davis escreveu em 2006 o livro chamado “O Monstro bate à nossa porta – a ameaça global da gripe aviária” , do qual o título já diz a que veio. Criticado pelo seu tom “apocalíptico”, Davis apenas se baseia em fatos extraídos de documentos oficiais e que obviamente não são de conhecimento público.
Ou seja, não é “catastrofismo” e tampouco o autor é um visionário: o confinamento de animais para abate (notadamente frangos e suínos), o desmatamento de florestas e matas para benefício de grandes fazendas, as péssimas condições de higiene em granjas industriais e "fundo de quintal", o modo como estes animais são tratados e abatidos e o contato entre seres humanos acabam criando condições para o surgimento de novas doenças ou variações virais como é o caso deste agente da gripe suína. Davis cita o exemplo de uma dessas megafazendas de criação de suínos nos EUA que produz mais esgoto do que a cidade de Los Angeles, segunda maior cidade dos Estados Unidos com quase 4 milhões de habitantes (sem contar a região metropolitana). Se pensarmos o que acontece ao redor do mundo em megafazendas, granjas industriais e em açougues clandestinos sem a mínima condição de higiene, não é difícil prever que a humanidade continua e continuará exposta a estes vírus e suas mutações.
Leptospirose, ebola, dengue, malária, gripe aviária, gripe suína...saudades da velha comida da vovó, que tinha em sua fazendinha 1 dúzia de galinhas, 3 porquinhos (não, não tinha nenhum lobo mau) e ninguém ficava doente por isso.
Mas devo confessar que sinto falta do tempo que “gripe aviária” era conversa mais reservada aos biólogos, ornitólogos, zoólogos e amantes das aves em geral preocupados com a saúde dos emplumados e que “gripe suína” era apenas um palmeirense gripado.
Como não podemos contrariar algumas leis da natureza, a gripe suína surge como mutação genética ( ah, que saudade quando eu lia isso apenas nos quadrinhos do X-MEN) entre vírus de gripes que afetam seres humanos, suínos e aves. Ou seja, como é algo novo, as vacinas atuais podem não ter efeito sobre esta mutação. Talvez o imbatível chá de alho da vovó resolva.
Alem do bombardeio de informações, entrevistas com médicos, opiniões abalizadas e sensatas de celebridades, cuidados e recomendações referentes à gripe suína, surgem também as famosas e impagáveis teorias da conspiração. Eu já falei aqui que adoro essas teorias porque abusam da criatividade e, quem não tiver cuidado, acaba “comprando” a tese. Ou, pior, clicando naquele link que traz a notícia "atriz Salma Hayek está com a gripe suína".
As melhores até agora falam sobre ataque bioterrorista sob o comando dele, o mitológico Bin Laden. Como se não bastasse, este vírus foi criado em laboratório e foi “solto” no mundo a mando do Osama ( talvez o "pequeno acidente" ocorrido nos frascos com vírus que acabaram explodindo em um trem na Suíça tenha sido coisa da Al Qaeda). Ou teria sido pela ordem dos Illuminati? Há quem diga que a culpa foi da OMS (Organização Mundial de Saúde) em um complexo jogo de interesses envolvendo FMI e o Banco Mundial, que financiariam tratamentos e remédios para os países mais pobres atingidos pelo vírus. Tudo com “programas de ajustes fiscais” (leia-se “privatização” e fim de direitos trabalhistas) e taxas de juros camaradas, é claro, afinal o mundo está em crise e chega de perder dinheiro, não é mesmo?
Deixando as teorias conspiratórias de lado, recorro novamente ao historiador norte-americano Mike Davis, já citado outras vezes neste blog. Davis escreveu em 2006 o livro chamado “O Monstro bate à nossa porta – a ameaça global da gripe aviária” , do qual o título já diz a que veio. Criticado pelo seu tom “apocalíptico”, Davis apenas se baseia em fatos extraídos de documentos oficiais e que obviamente não são de conhecimento público.
Ou seja, não é “catastrofismo” e tampouco o autor é um visionário: o confinamento de animais para abate (notadamente frangos e suínos), o desmatamento de florestas e matas para benefício de grandes fazendas, as péssimas condições de higiene em granjas industriais e "fundo de quintal", o modo como estes animais são tratados e abatidos e o contato entre seres humanos acabam criando condições para o surgimento de novas doenças ou variações virais como é o caso deste agente da gripe suína. Davis cita o exemplo de uma dessas megafazendas de criação de suínos nos EUA que produz mais esgoto do que a cidade de Los Angeles, segunda maior cidade dos Estados Unidos com quase 4 milhões de habitantes (sem contar a região metropolitana). Se pensarmos o que acontece ao redor do mundo em megafazendas, granjas industriais e em açougues clandestinos sem a mínima condição de higiene, não é difícil prever que a humanidade continua e continuará exposta a estes vírus e suas mutações.
Leptospirose, ebola, dengue, malária, gripe aviária, gripe suína...saudades da velha comida da vovó, que tinha em sua fazendinha 1 dúzia de galinhas, 3 porquinhos (não, não tinha nenhum lobo mau) e ninguém ficava doente por isso.